Pesquisa revela que antigo peixe predador pode ser bem menor do que parecia; entenda

Com nome científico de Dunkleosteus, vertebrado de 360 milhões de anos atrás aparentava ser maior nas fotos

16/02/2024
Foto: Russell Engelman/ Museu de História Natural de Cleveland

Ele tinha uma mordida poderosa, amedrontava os mares há 360 milhões de anos e foi um dos primeiros predadores vertebrados da Terra. Porém, foi descoberto que ele não é tão grande quanto se imaginava — na verdade, bem longe disso. Estamos falando do peixe Dunkleosteus terrelli.

Antes conhecido pelo seu grande tamanho, as estimativas anteriores indicavam que esses peixes poderiam atingir de 5 a 10 metros de comprimento. Entretanto, segundo pesquisa de Russell Engelman — paleontólogo que busca seu doutorado na Case Western Reserve University — , publicada na Diversity, eles eram bem menores.

Foto: Russell Engelman/ Diversity/ Divulgação

Através de uma nova abordagem chamada “comprimento orbital-opercular”, foi possível ter uma nova estimativa do tamanho deste peixe predador. De acordo com o estudo, os adultos típicos teriam cerca de 3,4 metros de comprimento, e alcançam no máximo cerca de 4,1 m.

 

Ou seja: em vez de parecer um tubarão exuberante, destemido e do tamanho de um ônibus escolar, na verdade, lembra mais um atum atarracado. Além disso, há a possibilidade dos vertebrados — como este peixe predador — nunca terem atingido mais que 5 metros até o Período Carbonífero.

 

Este peixe de nome complicado governou os mares durante o Período Devoniano, que ocorreu entre 416 milhões e 359,2 milhões de anos atrás — ou seja, antes do Carbonífero. Além disso, o ‘Dunk’ — como também é chamado — pertenceu a uma classe antiga de peixes, conhecida como placordermo.

Um “mini” peixe predador

Para chegar nessa conclusão, foi usada uma nova métrica de medição e um extenso conjunto de dados de fósseis. O cientista Russell Engelman comparou as proporções da cabeça blindada de Dunkleosteus com o tamanho do crânio de centenas de peixes vivos e outros vestígios.

Foto: Russell Engelman/ Diversity/ Divulgação

Mas você pode se perguntar: por que o crânio, não o corpo inteiro? Todos os cientistas já pensaram nisso, mas esbarram num problema: a cartilagem frágil do corpo deste animal. Tanto é que apenas as placas grossas de armadura, que envolviam sua cabeça e pescoço, se encontram preservados como fósseis.

 

Sendo assim, embora as placas preservassem as mandíbulas irregulares do predador, não era confiável medir o restante do seu corpo apenas a partir dele. Logo, os pesquisadores exageravam nas medidas, e tornavam o peixe quase duas vezes maior do que realmente é (como na imagem abaixo).

Foto: Russell Engelman/ Diversity/ Divulgação

Ponto de partida

Segundo Engelman, o comprimento da cabeça dos peixes é um indicador confiável do tamanho restante do corpo, visto que as espécies curtas costumam ter cabeças menores, e vice-versa. Assim, ele se concentrou na região entre o olho do animal e a parte traseira da cabeça.

 

Com as medidas em mãos, ele comparou com o tamanho desta região de um Dunkleosteus com as proporções da cabeça de quase mil espécies diferentes, que incluem fósseis de peixe e animais vivos — que vão desde robalos até grandes tubarões.

Fragmento pertencente ao maior indivíduo conhecido de Dunkleosteus terrelli. Foto: Russell Engelman/ Diversity/ Divulgação

Então, com os comparativos feitos, Engelman conclui que a cabeça deste antigo peixe-predador media aproximadamente 60 centímetros. Segundo o cientista, seria correto afirmar que, com esta medida, correspondia a um peixe de aproximadamente 3,5 metros. Ou seja, menor do que as estimativas anteriores.

 

Entretanto, mesmo fora deste novo estudo realizado por Russell Engelman, Caitlin Colleary, paleontóloga do Museu de História Natural de Cleveland, opina que é difícil afirmar sem mais partes do seu corpo como realmente era o ‘Dunk’.

Não me interpretem mal, eu adoro um ‘Dunk’ robusto. Mas não vou me apegar muito porque na ciência, especialmente na paleontologia, basta uma nova descoberta para mudar tudo– Caitlin Colleary

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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