Imagens de redemoinho de algas impressionam, mas preocupam os cientistas; entenda

Embora encante pela beleza, a enorme espiral de 25 quilômetros de diâmetro representa uma séria ameaça à vida marinha

05/06/2024
Foto: Observatório da Terra da NASA/ Divulgação

Pode parecer impressionante este registro de um redemoinho de algas, com cerca de 25 quilômetros de diâmetro, que surgiu no Mar Báltico — entre Finlândia, Estônia e Rússia. Entretanto, as imagens flagradas pelo satélite Landsat 8 mais preocupam do que encantam os pesquisadores.

De acordo com o Observatório da Terra da NASA, essa espiral foi responsável por deixar verdes as águas do Golfo da Finlândia. Porém, o problema nem está na coloração, mas sim na criação de uma enorme e tóxica “zona morta”, causada pelas algas quando se acumulam próximas à superfície.

Foto: Observatório da Terra da NASA/ Divulgação

Esse fenômeno é chamado de “zona morta”, pois quando estão em grande número na superfície, essas algas diminuem temporariamente a quantidade de oxigênio nas águas abaixo. Logo, acabam sufocando as criaturas marinhas próximas, de acordo com a instituição Woods Holes Oceanographic.


Não é a primeira vez que esse evento acontece, mas o que preocupa ainda mais os pesquisadores é que as florações — ou seja, o crescimento excessivo das algas — estão cada vez maiores. Além disso, estão se tornando mais frequentes e mortais para outros animais marinhos.

Espiral formada por florações em agosto de 2020. Foto: Observatório da Terra da NASA/ Divulgação

Vale ressaltar que as algas já florescem naturalmente nessa região do mar durante o verão, pois a mistura vertical do oceano traz uma abundância de nutrientes à superfície. Porém, o despejo de produtos agrícolas na água e outras interferências humanas faz com que o crescimento seja fora do normal.

No olho do redemoinho

A essa altura, você já deve ter entendido que as aparências enganam. Afinal, esse redemoinho consistia principalmente de minúsculas bactérias marinhas fotossintéticas — conhecida como cianobactérias –, além de alguns plânctons, da espécie diatomáceas.

Foto: Observatório da Terra da NASA/ Divulgação

Para formar esse gigantesco redemoinho de algas, as criaturas microscópicas ficaram presas no local por conta de duas correntes oceânicas opostas, que colidiam naquela região. Segundo os cientistas, é até comum que esses seres sejam arrastados, mas formar uma espiral tão perfeita como essa é raríssimo.

Um grande sinal de alerta

Como já mencionado, o que causa maior preocupação é a falta de oxigênio, ocasionadas pela “zona morta” das florações. Entretanto, o aumento das temperaturas da superfície do mar colabora para que os oceanos retenham menos oxigênio que o normal.

Espiral formada por florações em agosto de 2020. Foto: Observatório da Terra da NASA/ Divulgação

Assim, se torna mais difícil a descida dos níveis de oxigênio para os níveis mais profundos. Ainda por cima, um estudo de 2018 revelou que a quantidade de ar no Mar Báltico durante o século passado caiu para o grau mais baixo dos últimos — pasmem — 1.500 anos.

 

Se for depender do ritmo em que o planeta está seguindo, a tendência é que esse fenômeno de redemoinho de algas aconteça cada vez mais. Afinal, as temperaturas da superfície do mar estão atingindo níveis recordes, que propicia a maior frequência das florações.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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