Você sabia que a maior cachoeira do mundo está submersa?

Encontrado entre a Groenlândia e Islândia, o encantador Estreito da Dinamarca abriga curioso fenômeno

01/02/2024
Cachoeira submersa nas Ilhas Maurício

Conhecida como a cachoeira de queda ininterrupta mais alta sobre a Terra, a Salto Ángel, na Venezuela, tem 979 m de altura — ela que inspirou o Paraíso das Cachoeiras do filme “Up”. No entanto, dentro do mar existe uma cachoeira submersa três vezes maior: as cataratas do Estreito da Dinamarca — que, por incrível que pareça, não fica na Dinamarca.

Sabemos que pode parecer confuso imaginar uma cachoeira submersa sendo despejada dentro do próprio mar — e é mesmo. No caso das cataratas do Estreito da Dinamarca, a água cai do Mar da Groenlândia para o Mar Irminger por mais de 3 km — muito maior que a Salto Ángel.

Região do Estreito da Dinamarca, onde os pesquisadores realizaram o estudo. Foto: Reprodução/ Universidade de Barcelona

Como o próprio nome sugere, a cachoeira submersa pode ser encontrada abaixo do Estreito da Dinamarca, entre a Groenlândia e a Islândia. Essa catarata foi explorada por uma equipe de cientistas da Universidade de Barcelona, que se propôs a explicar esses fenômenos e como afetam o ambiente.

Foto: Universidade de Barcelona

A cachoeira submersa possui incríveis 160 km de largura e despeja cerca de 5 milhões de m³ de água por segundo. Para se ter ideia, a maior vazão já registrada nas Cataratas do Iguaçu (em 2014) foi de 46,3 mil m³.

Como funciona a cachoeira submersa?

Calma, a ciência explica esse fenômeno de como a água “cai” debaixo d’água. Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), órgão do governo dos Estados Unidos, este fenômeno está ligado diretamente às temperaturas e diferenças de densidade entre as camadas da água.

 

Isso ocorre porque a água fria é mais densa do que a água quente. E, justamente no Estreito da Dinamarca, a água fria dos mares nórdicos que flui para o sul acaba por encontrar a mais quente do mar de Irminger.

Instalação de Acoustic Doppler Current Profilers (ADCPs). Foto: Sara Espinosa Paz/ Divulgação

Assim, a parte fria e densa afunda abaixo da água mais quente e flui sobre a enorme queda no fundo do oceano. Logo, está criado um gigantesco fluxo descendente encantador. No entanto, como acontece abaixo da superfície oceânica, a cachoeira submersa passa despercebida sem instrumentos científicos.

Foto: National Oceanic and Atmospheric Adminstration (NOAA)/ Divulgação

Por conta de tamanha profundidade — passa de 500 para mais de 3.000 metros — ainda não tem registro em imagem desta catarata. Mas vale ressaltar que existem outras cachoeiras submersas pelo mundo, como a da foto em destaque desta matéria, que mostra a região de Le Morne — considerado um patrimônio mundial da UNESCO — , localizado nas Ilhas Maurício.

Sempre culpa dele

Adivinha quem pode atrapalhar este fenômeno de acontecer? Ele mesmo, o aquecimento global. Afinal, à medida que as alterações climáticas continuam a aumentar, os oceanos ficam mais quentes e há um maior afluxo — concorrência de dois ou mais rios para um ponto — de água doce.

Estreito da Dinamarca

Além de esquentar mais os oceanos, o aquecimento global acaba por gerar uma menor formação de gelo marinho, que resulta numa redução do volume de água densa, que flui para baixo e forma, por exemplo, o fenômeno no Estreito da Dinamarca.

Navio oceanográfico Sarmiento de Gamboa. Foto: Universidade de Barcelona/ Divulgação

A exploração sobre o Estreito da Dinamarca durou entre 19 de julho a 12 de agosto de 2023, com trinta especialistas a bordo do navio oceanográfico Sarmiento de Gamboa, com a finalidade de estudar aspectos até então desconhecidos da catarata.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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