Nada de bingo! Aos 81 anos, velejadora aposentada bate recordes navegando sozinha

Mesmo aposentada, Jeanne Socrates já realizou voltas ao mundo num veleiro, e totalmente solitária

23/02/2024
Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Há maneiras e maneiras de se aproveitar a aposentadoria. Tem quem prefira descansar no sossego de casa ou jogar no bingo toda semana. E tem a Jeanne Socrates, velejadora aposentada que, aos 75 anos de idade, deu a volta ao mundo navegando num veleiro, completamente sozinha.

Essa senhora, que é mãe e avó, conseguiu a façanha sem parar em lugar nenhum. Assim, entrou para o Livro dos Recordes como a mulher mais longeva a velejar em solitário ao redor do globo — e repito, sem nenhuma escala. Como se fosse pouco, a imparável Jeanne foi em busca de mais.

Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Inclusive, até o momento em que esta matéria foi publicada, a velejadora aposentada está em mais uma missão solo, que iniciou em maio de 2023 e não tem data para terminar. Dessa vez, o plano é navegar no Oceano Pacífico a partir do México — com várias paradas em ilhas — a caminho da Nova Zelândia e Austrália (confira aqui onde ela está neste exato momento).

Trajeto de uma das viagens de Jeanne Socrates. Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Foi nessa viagem — e sua quinta volta ao mundo em um veleiro — que a experiente colecionadora de recordes comemorou seu 81º aniversário. E, caso tenha se perguntado se a velejadora aposentada tem capacidade para cumprir essa missão solitária várias vezes, a resposta dela é inspiradora e conclusiva.

A vida é muito preciosa e tento aproveitá-la ao máximo. Estou relativamente em boa forma. O bastante para sentar no barco e seguir velejando– Jeanne Socrates

Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Mas dessa vez, a idosa encontrou um problema inédito para navegar: o peso. Por se tratar de uma viagem sem escalas, o veleiro foi preparado para um cruzeiro e, logo, a embarcação teve que ficar mais leve. Apenas nessa etapa que a mulher precisou de ajuda de amigos para armazenar todos os equipamentos úteis.

Perseguidora de recordes

Se na atual navegação Jeanne está bem mais tranquila e sem pressa, não pode se dizer o mesmo das viagens ao redor do mundo feitas por ela anteriormente. Na primeira, por exemplo, tornou-se a mulher mais velha a circum-navegar sozinha e sem escalas.

Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Na segunda, a velejadora aposentada superou seu próprio recorde num nível ainda mais difícil: contornou os cinco principais cabos do globo terrestre. Essa verdadeira aventura de navegar sem parar durou quase um ano — 340 dias, para ser mais exato.

 

Assim, só falta um recorde para Jeanne e seu veleiro quebrarem: de pessoa mais idosa a contornar o planeta navegando sozinha. Essa proeza pertence ao australiano Bill Hatfield, que realizou essa viagem ao redor do mundo aos 81 anos — mesma idade de Jeanne agora.

Como tudo começou?

Jeanne Socrates é a prova que nunca é tarde demais. Afinal, a mulher só começou a velejar aos 50 anos de idade e já aposentada — mas foi amor à primeira vista. Na época, ela e seu marido George, hoje falecido, decidiram comprar um pequeno veleiro de 39 pés (12 metros).

Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Batizado de “Nereida”, foi nessa humilde embarcação que os dois começaram a viajar, até o marido falecer em 2003, vítima de câncer. Foi neste momento que Jeanne decidiu que queria passar o resto da vida navegando, e desde então, segue com o mesmo barco desbravando o mundo.

Mentalmente, aos 80 anos, você não se torna uma pessoa diferente do que era aos 30 ou 50 anos. A cabeça nunca envelhece. Então se você tem saúde, por que não ir em frente?– Jeanne Socrates

Segundo ela, a decisão foi um grande acerto. Nessas aventuras, a velejadora nadou com baleias e seus filhotes, tornou uma “resolvedora de problemas” dentro dos barcos, ganhou resiliência e carrega um otimismo invejável.

Registro de Jeanne Socrates durante viagem. Foto: SVNereida/ Jeanne Socrates/ Divulgação

Tento sempre pensar de forma positiva. Se estou no mar, no meio de uma tempestade, por exemplo, penso que é uma simples questão de esperar o tempo melhorar– Jeanne Socrates

Por fim, a velejadora aposentada recorda que, apesar de estar há tanto tempo navegando sozinha, sempre há algo novo para descobrir nessa experiência “fascinante”, como ela mesma descreve.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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