Teste Solara 380 Bowrider: lancha encanta com amplos espaços e boa navegabilidade
Muito agradável para uso externo, a nova embarcação tem aberturas laterais na popa, solário triplo e cockpit espaçoso
Depois de apostas acertadas, o estaleiro gaúcho Lanchas Solara retornou às origens com a Solara 380 Bowrider, barco que encantou quem não abre mão de amplos espaços ao ar livre para curtir o verão. Para testar seu desempenho e navegabilidade, a equipe de NÁUTICA se lançou em uma viagem do Canal de Bertioga ao Indaiá, no litoral de São Paulo. Confira como foi o teste da Solara 380 Bowrider!
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De olho em novos horizontes, nos últimos anos a Lanchas Solara ousou entrar em um segmento diferente, com a produção de embarcações cujo sucesso de vendas atesta o acerto da investida, como Pontoon 300 T, Pontoon 300T Top, Pontoon 300 Double Deck e Solara Boat House. Mas sem abandonar a construção de lanchas tradicionais de fibra.
De volta às suas raízes, a empresa apresentou no São Paulo Boat Show 2023 a Solara 380 Bowrider, que tem espaço de respeito no cockpit, com capacidade para até 14 pessoas durante o dia, com opção de pernoite para quatro.
Ao contrário do que a palavra Bowrider sugere, não se trata de uma lancha de proa aberta (até porque ela tem uma boa cabine). O nome é uma referência à proa rebaixada em relação à amurada — apenas a caixa de âncora e o solário ficam um degrau acima —, formato feito para quem gosta, sobretudo, de tomar um bom banho de sol.
Com 11,90 metros de comprimento (39 pés) e boca máxima de 3,25 metros, a Solara 380 Bowrider surpreende em termos de espaço e desempenho. Sua plataforma de popa tem mais de 3 metros de largura por 2 metros de comprimento. Ou seja, são seis metros quadrados de área de lazer, onde é possível colocar duas cadeiras dobráveis, do tipo “diretor de cinema”, em vez dos tradicionais banquinhos de madeira.
O móvel gourmet tem uma churrasqueira a carvão (na unidade testada), que poderia ser elétrica, mais geleira, tábua de corte, pia e armário. A escada, retrátil, tem quatro degraus, como deve ser. E ainda há um toldo do tipo Stobag, manual ou elétrico.
Já na praça de popa, as aberturas laterais de acionamento elétrico (com sustentação hidráulica) nos dois bordos ampliam a área livre do convés em 2,40 metros. A área de convivência, aliás, é bastante generosa, por conta do projeto bem-bolado, que elimina a passagem lateral para a proa.
A sensação é de estar numa lancha bem maior. Tudo é muito bem iluminado, muito arejado. Mas, se preferir, nos dias mais quentes o proprietário pode fechar a parte de trás com uma lona e ligar o ar-condicionado, que é outro benefício incorporado pela Solara 380 Bowrider, com gerador.
O cockpit, com teto em hard-top com abertura elétrica, tem um arranjo que privilegia a circulação das pessoas. Há um sofá em L a boreste, com espaço para até cinco pessoas, e uma mesa dobrável de madeira à frente, com porta-copos e pega-mão, além de um segundo sofá na popa, para quatro pessoas. Embaixo de cada assento há um grande paiol.
A cozinha também fica no cockpit, a bombordo, e vem equipada com pia, fogão elétrico de duas bocas, tábua de corte, dois armários, geleira e — atenção para o detalhe — uma chopeira, opcional oferecido pelo estaleiro.
O acesso principal à casa das máquinas se dá por uma abertura no centro do cockpit. Há ainda um segundo acesso, a partir do levantamento do sofá de popa e do móvel gourmet, com ajuda de molas pneumáticas, que na unidade testada por NÁUTICA estavam com uma pressão excessiva, exigindo muito esforço para voltar ao lugar. A altura lá dentro é confortável e o espaço, adequado para as manutenções.
O padrão das instalações é muito bom. Destaque também para o isolamento térmico e acústico e para a distribuição equilibrada do peso dos motores, dos tanques, do banco de baterias e do gerador.
No costado de bombordo foram instalados os bocais de entrada de diesel (para o gerador) e de gasolina, para os motores. Porém, eles estão muito próximos um do outro e são muitos parecidos, podendo provocar um grave erro na hora do abastecimento.
No posto de comando, com bancos anatômicos duplos (ou, opcionalmente, único, com assento rebatível, para pilotagem em pé), revestidos com tecido naval macio e com encosto alto, o painel tem espaço para vários instrumentos, podendo ser digitais ou mesclados com os inigualáveis reloginhos analógicos.
Todos os controles necessários para operar o barco de forma segura e eficiente estão bem-posicionados, inclusive os botões de acionamento dos flapes elétricos. A botoeira é de inox, material bonito e resistente, mas que aquece demais quando submetido ao sol, causando um certo desconforto nos dedos do piloto.
Os manetes de comando dos motores, do tipo DTS (Digital Throttle & Shift), proporcionam mudanças suaves e silenciosas e resposta instantânea do acelerador. Quem estiver acostumado com comando mecânico pode estranhar um pouco nas primeiras saídas. Mas logo pega o jeito.
Embaixo do nicho dos manetes, há duas tomadas USB, mas falta um suporte para o celular. Um detalhe interessante de segurança do modelo testado são as chaves para acionamento dos extintores da casa de máquinas, que ficam abaixo do painel, ao alcance fácil das mãos do piloto.
O acesso à proa é feito por uma passagem a bombordo, com a abertura parcial do para-brisa. Essa porta é fechada com duas travas de segurança. Porém, é um pouco pesada para abrir e fechar. Aqui caberia o apoio de uma mola pneumática. Fica a sugestão para o estaleiro.
O corredor de acesso à proa é largo e seguro, protegido por um guarda-mancebo bem-posicionado. O guincho de âncora tem comando duplo (os botões ficam ao lado do paiol e são espelhados no painel do posto de comando), facilitando o manejo da corrente.
Os cunhos, de inox, são bem-dimensionados. Há ainda uma pequena ducha, que serve tanto para lavar a âncora quanto para refrescar as pessoas que estiverem estendidas tomando banho de sol.
O solário — que acomoda bem três pessoas (ou, apertando um pouco, até quatro), tem encostos de cabeça e porta-copos nas laterais. Fica um degrau acima do piso. Aliás, toda área da proa fica rebaixada em relação à borda do casco — motivo de a lancha ser chamada de Bowrider. Essa configuração, inspirada no estilo americano, mais esportivo, resulta em conforto maior para quem se acomoda nessa área, como o barco parado, naturalmente, mesmo com o mar mais agitado.
Em contrapartida, afeta a altura no camarote de proa — é, não se pode ter tudo ao mesmo tempo. Por privilegiar os banhos de sol, o projeto excluiu a gaiuta que tradicionalmente ocupa esse espaço. Em compensação, para iluminar o camarote de proa, incluiu uma janela a bombordo, instalada na lateral do corredor de acesso à proa.
Para a entrada na cabine, o estaleiro optou pela instalação de uma porta de correr (que contribui para economia de espaço), com travas tanto para ficar aberta quanto para permanecer fechada, o que é importante para o isolamento acústico.
A escada de madeira tem três degraus e estrutura de inox. A altura, na entrada, é de 1,80 m, e depois diminui em direção ao camarote de proa, que é aberto e tem dois sofás em V e uma mesa no centro. A altura fica em torno de 1,50 m, por conta do estilo bowrider do barco.
Como a cozinha fica no cockpit, na cabine, a bombordo, foi instalado apenas um frigobar e um micro-ondas, que dão conta para preparar um prato rápido, e um pequeno armário para guardar os utensílios, como talheres, pratos e copos.
A boreste, com 1,80 m de altura, fica o banheiro, com pia com água pressurizada, armários e box fechado, além de vaso sanitário com bombeamento elétrico e de uma janela com vigia para a ventilação.
O camarote de meia-nau tem uma cama de casal, com uma janela em formato de vírgula (com uma pequena vigia embutida, para entrada de ar) na cabeceira, a boreste; já a bombordo há uma televisão, um armário com cabideiro e um grande baú, perfeito para se guardar a roupa de cama e o material de salvatagem. A altura sobre a cama não passa de 1,05 m, por conta do estilo do barco.
Navegação da Solara 380 Bowrider
Navegamos com a Solara 380 Bowrider nas águas do Canal de Bertioga, no litoral de São Paulo, com um bate-volta até o Indaiá, num dia de mar relativamente calmo, com ondas 50 centímetros a 1 metro de altura. Estava equipada com dois motores V8 Mercruiser 6.2 litros de 300 hp, a gasolina.
A bordo, seis pessoas, 200 litros de combustível e 100 litros de água. Nessas condições, a mais nova integrante da família Solara entrou em planeio ao atingir 15 nós, passando a cruzar as marolas suave e tranquilamente. Nas curvas, sem o uso dos flapes, a lancha inclinou um pouco, sem nunca deixar de ser segura.
Fácil de manobrar e respondendo prontamente aos comandos, no teste de aceleração, em duas passagens, nos dois sentidos, para evitar efeitos de ventos e de corrente, precisou em média de 10,3 segundos para ir da marcha lenta aos 20 nós. No desempenho, sem levantar os flapes, a velocidade máxima, a 4.500 rpm, foi de 32 nós, com consumo razoável de 97 litros/hora em cada motor.
A visão do piloto na posição sentada através do para-brisa laminado na fibra é excelente. Os vidros laterais se abrem ao lado do piloto, o que é importante na hora das manobras de atracação, além de facilitarem a ventilação natural.
A parte de trás do painel é revestida de um material fosco, que evita reflexos nos olhos do piloto e no para-brisa. Mas, faltam jatos de lavagem (ou um esguicho) no para-brisa, importante quando ocorrem respingos da água do mar.
Em resumo, uma lancha com cockpit muito espaçoso e aquele algo mais na proa oferecido por uma bowrider, e que ainda permite quatro pessoas dormindo a bordo. Tudo isso com a marca de um estaleiro com mais de 1.200 barcos navegando pelas águas do Brasil e do mundo.
Saiba tudo sobre a Solara 380 Bowrider
Pontos altos
- Cockpit muito espaçoso e com ótimo pé-direito
- Boa navegabilidade em curvas e cortando ondas
- Ampla área de lazer na plataforma de popa
Pontos baixos
- Bocais de abastecimento (gerador e motores) muito próximo
- Falta um esguicho de água doce junto ao limpador de para-brisa
- Assento do piloto não é rebatível
Características técnicas
- Comprimento total: 12,10 metros
- Comprimento na linha d’água: 9 metros
- Boca: 3,25 m
- Capacidade (dia): 14 pessoas
- Capacidade (noite): 4 pessoas
- Pé-direito na cabine: 1,80 m
- Tanque de combustível: 450 litros
- Deslocamento leve: 6800 kg
- Deslocamento carregado: 8800 kg
- Tanque de água: 250 litros
- Potência: de 270 a 300 hp, parelha
- Motorização: popa ou centro-rabeta
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