Baleia que não era avistada há mais de 30 anos foi encontrada três vezes em expedição

Com poucas aparições desde 1988, a baleia-bicuda-de-arnoux foi observada próxima das águas da Antártida

05/09/2024
Foto: Susanne Kühn/ Reprodução

Na natureza, há um animal popularmente chamado de baleia-bicuda-de-arnoux (Beradius arnuxii), que não havia sido avistada nenhuma vez durante as últimas 11 expedições de pesquisa realizadas de 1988 à 2018. Porém, numa única jornada feita em 2022, a rara espécie foi vista três vezes.

O que pode ter parecido sorte, na verdade, envolveu muito estudo dos cientistas da Universidade de Wageningen, na Holanda. Na expedição, o grupo de pesquisadores viu a baleia três vezes durante voos de helicóptero — e documentaram o avistamento em um estudo publicado na revista científica Marine Mammal Science.

Foto: B. Feij/ Reprodução

Com os dados colhidos nessa expedição e em todos os outros avistamentos entre 1980 e 1990, os cientistas perceberam um padrão no comportamento das baleia-bicuda-de-arnoux: a maioria delas foi observada em águas relativamente rasas, próximas à costa e ao gelo da Antártida.

 

Até então, entendia-se que a baleia rara vivia, principalmente, em partes profundas dos oceanos do Hemisfério Sul. Os resultados da última expedição também sugerem uma associação ao gelo marinho, possivelmente relacionada à comida ou proteção.

A pesquisa ainda sugere que as baleias-bicudas-de-arnoux não migram em massa para as águas do norte sem gelo durante o inverno — o que reforça a teoria de que elas procuram a região para maior proteção e alimentos. Porém, ainda faltam mais estudos para confirmar essa ideia.

Um exame de paciência

Como a espécie costuma realizar mergulhos prolongados nas profundezas das águas, avistar essa baleia rara na superfície e fotografá-la foi um verdadeiro teste de paciência e perseverança.

Foto: Peter Reijnders and Wilhelm Hagen/ Reprodução

Nesse estudo, cada imagem passou por uma pesquisa detalhada sobre a espécie. Além disso, os vídeos e slides produzidos em 1980 e 1990 foram inseridos nos bancos de dados internacionais voltados para o estudo do animal. No geral, foram documentados 108 avistamentos e 1.125 baleias.

 

A equipe da Universidade de Wageningen fez diversas expedições à Antártida para aprofundar o conhecimento sobre a cadeia alimentar dessa região. Os avistamentos ocorriam em dois postos de observação de madeira no topo do navio alemão Polarstern — que já havia sido utilizado em missões no Ártico.

Foto: A. Meijboom/ Reprodução

Além disso, aves e mamíferos marinhos avistados durante a expedição foram registrados, para estimar quantos animais haviam na região. Quando o navio estava parado, as contagens adicionais eram realizadas com o uso de helicóptero — o que proporcionou o avistamento das baleias-bicudas-de-arnoux.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Após cancelamento, SailGP dá detalhes do calendário de 2026 com etapa no Rio

    Além das localidades da próxima temporada, campeonato revelou planos de acrescentar novas equipes à lista

    Barcos nazistas podem ter sido encontrados na costa da Argentina

    Tese é de pesquisador que há 30 anos se dedica a provar que submarinos alemães desembarcaram fugitivos do regime em praias argentinas

    Veleiro que pertenceu à Rainha Elizabeth precisou ser rebocado no Reino Unido

    Embarcação de 1936 passou por um pequeno apuro na costa de Norfolk. Conheça sua história

    Especializada em manutenção de equipamentos, Maqdiesel estará no Rio Boat Show

    Marca que opera há 24 anos vai expor um motor Steyr Motors em seu estande, de 26/04 a 04/05, na Marina da Glória

    Dragão azul: espécie rara de lesma do mar é avistada no litoral de SP

    Flagra foi registrado em Peruíbe, na Baixada Santista. Animal raramente ultrapassa os 4 cm e "rouba" veneno de outros seres