Criatura de 18 metros está impactando a cadeia alimentar da vida marinha; entenda

Gelatinoso e transparente, os "picles do mares" causam perturbações no ecossistema durante as ondas de calor oceânicas e preocupam cientistas

20/05/2024
Foto: YouTube/ NewScientist/ Reprodução

Uma criatura marítima esquisita vem aparecendo com mais frequência do que deveria, principalmente nas praias da costa oeste dos Estados Unidos. Para entender do que se trata, cientistas da Oregon State University investigaram as recentes aparições no mar dos pirossomas — mas trouxeram mais preocupações do que alívio.

Ser vivo que tem até 18m de comprimento, as intrigantes estruturas flagradas nas águas também  são chamadas popularmente de “picles do mar”. Gelatinoso e transparente, este organismo, na verdade, é uma colônia de animais. Eles foram identificados pela primeira vez em 2013, durante um período de calor atípico nos oceanos.

Foto: Mark Farley / Oregon State University/ Divulgação

De acordo com as informações publicadas recentemente no periódico NewScientist, a presença dos pirossomas tem impactado negativamente na cadeia alimentar marinha.

 

Com dados de longo prazo de 361 tipos de organismos marinhos, informações de dieta e modelos de ecossistema, os cientistas compararam o antes e depois das recentes ondas de calor. Os resultados mostraram que, com os mares mais quentes, a relação entre predadores e presas se “bagunçam”.

Segundo o estudo, os pirossomas têm impactado a disponibilidade de alimentos para animais situados mais acima da cadeia alimentar, como os peixes. Além disso, influencia no funcionamento do ecossistema e levanta preocupações tanto sobre espécies ameaçadas quanto nas usadas na criação de peixes em cativeiro.

Pirossomas podem ser beco sem saída

O grande problema é que, enquanto os pirossomas se alimentam de animais na base da cadeia alimentar, como o fitoplâncton — base alimentar para diversas espécies — o picles do mar não costuma entrar na dieta de outros seres marinhos.

Foto: NOAA/ Divulgação

Os pirossomas consomem animais na base da cadeia alimentar e retêm essa energia. Eles estão retirando do sistema a energia de que os predadores precisam– Lisa Crozier, pesquisadora do NOAA e coautora do artigo

A pesquisa também revelou que os pirossomas são considerados “difíceis de digerir” e o valor nutricional deste organismo é incerto.

Foto: NOAA Fisheries/ Divulgação

Em resumo: o aquecimento global causado pelos seres humanos traz consequências até nas profundezas do oceano, atrapalhando a sobrevivência das espécies que vivem dentro e fora d’água.

Como nada mais come realmente os pirossomas, eles simplesmente se tornam um beco sem saída, e essa energia não está disponível para mais ninguém no ecossistema– Joshua Stewart, professor do Marine Mammal Institute e coautor do artigo

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Órgão do Mar: obra arquitetônica transforma ondas em música natural na Croácia

    Atração turística e arquitetônica, projeto de Nikola Bašić combina tubos sonoros a degraus de mármore para criar os sons

    Navio de cruzeiro fica preso na Irlanda por 4 meses e passageiros anunciam casamento

    Parada técnica do cruzeiro Villa Vie Odyssey rendeu a Gian Perroni e Angela Harsany um novo rumo além do programado roteiro mundial de 3 anos

    Senna, além de ídolo das pistas, também acelerava sobre as águas

    Piloto brasileiro de F1 participou ativamente da construção de seus 3 barcos; um deles, Ayrton jamais conheceu

    Embarcação dos anos 60 vai virar restaurante flutuante de luxo no Rio de Janeiro

    Novidade teve investimento de R$ 10 milhões e promete centro de eventos, bar rooftop e área vip na Marina da Glória

    Seychelles: ilha paradisíaca será sede da Copa do Mundo de Futebol de Areia

    Essa será a primeira vez que um país africano receberá a competição, que acontece de 1º a 11 de maio de 2025; hexacampeão, Brasil briga por vaga