Mortes suspeitas e “monges fantasmas”: essa ilha francesa tem fama de amaldiçoada
Entre lendas e falecimentos repentinos, a pequena Ilha de Boëdic já presenciou sequestro e resistência durante guerra


Há ilhas muito lindas pelo mundo, com paisagens encantadoras, histórias maravilhosas e um astral único. Dito isso, a Ilha de Boëdic definitivamente não é uma delas. Este local carrega a fama de amaldiçoado e não é em vão: mortes — quiçá assassinatos — , monges fantasmas e outras lendas atiçam a má reputação da região.
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Não que seja exclusividade desta ilha ter a alcunha de “amaldiçoada” em território francês — afinal, a capital da França está, literalmente, acima de várias catacumbas. Mas Boëdic, localizada no sul da Bretanha, também não carrega boas histórias, mesmo possuindo apenas 11 hectares de extensão.


O motivo para o tamanho dela ser relativamente pequeno se dá pela sua separação. Segundo a história, essa porção de terra teria se separado do continente, ao largo de Vannes — mais especificamente de Arradon, uma das comunas mais abundantes da região.
Entre lendas populares e notícias criminais, o local parece passar longe de um refúgio de luxo. Mas afinal, quais são os motivos para morar ou passear em Boëdic ser uma péssima ideia?
Monges do além e fantasma “do vinho branco”
Pelo que se conta, a ilha teria começado há muito tempo a ser ocupada por monges de “silhuetas misteriosas e encapuzadas [que] percorriam o local ao amanhecer, quando a névoa ainda pairava durante as primeiras orações”.


Seja por respeito ou medo, muitos pescadores não se aventuravam por ali. No século 19, no entanto, foi construída uma mansão — chamada de “castelo”, pelos locais — com 160 m², três andares, um jardim e uma fazenda com pedras extraídas de pedreiras no Golfo de Morbihan.
Entre as duas praias privadas do terreno, uma delas abriga uma série de pedras, onde se destaca a escultura de um homem encapuzado. Embora possa parecer assustador, o rosto esculpido é de um famoso monge, apelidado pelos marinheiros de “Pervinca” — uma espécie de “padroeiro” da ilha.


A arte foi feita por pedreiros que trabalhavam na construção da prefeitura, entre 1864 e 1865, e o monge era bem querido na região, tendo até festa com algumas garrafas de vinho branco. Desde então, a tradição diz que qualquer navio que passe por ali deve tocar sua buzina e beber uma taça de vinho branco sem respirar, para garantir uma boa viagem.
Sequestro e mortes suspeitas
Está preparado para histórias menos folclóricas e mais pesadas? A capela da ilha dedicada a São José foi feita por Narcisse Passot, no século 20. Um industrial parisiense, ele se tornou proprietário da ilha amaldiçoada em 1919. E, então, sequestrou a própria família e trouxe para morar em Boëdic, a fim de que “não se misturassem com o mundo”.


Já durante a Segunda Guerra Mundial, o castelo de Boëdic se tornou um importante ponto de resistência de luta pela libertação, já que a ilha oferecia uma vista privilegiada da “pequena Chambord” — como apelidavam os moradores próximos –, um local de ocupação alemã.
Ao fim da guerra, o “castelo” foi comprado pelos irmãos Goupy, que viveram com autossuficiência graças a um sistema de coleta de água de chuva e sua fazenda de ostras. A ilha amaldiçoada chegou até a ser palco de gravação do filme Le Cavaleur, em 1979.


Até que, repentinamente, um dos irmãos Goupy morreu e o outro foi diagnosticado com Alzheimer. Logo, a ilha amaldiçoada foi vendida ao famoso advogado Olivier Metzner em 2021, por 2,5 milhões de euros (cerca de R$ 15 milhões, em valores convertidos em outubro de 2024).
E adivinha só? O advogado também foi encontrado morto numa praia de Boëdic. Embora a autópsia tenha apontado suicídio, há teorias que indicam a possibilidade de que seu amante, Alexandre Despallières, seja o autor do crime. Não seria de se estranhar, já que Alexandre também é suspeito de ter assassinado seu ex-amante, o produtor australiano Peter Ikin.
Em 2015, a ilha foi comprada por 4 milhões de euros (aproximadamente R$ 24 milhões, em conversão realizada em outubro de 2024) pelo bilionário francês Christian Latouche, CEO da Fiducial. O magnata se encontra vivo até o momento, aos 84 anos, e segue sem temer a terrível fama do local.
Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida
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