Criança de 11 anos encontra fóssil de ictiossauro pré-histórico, o maior réptil marinho que já existiu

Com a companhia do pai e pesquisadores, garota ajudou a desvendar a vida marinha de 200 milhões de anos atrás

16/05/2024
Dean Lomax, Ruby Reynolds, Justin Reynolds e Paul de la Sarre. Foto: Universidade of Manchester/ Divulgação

O que você fazia aos 11 anos de vida? Nessa idade, Ruby Reynolds tinha descoberto um fóssil da mandíbula de um ictiossauro pré-histórico, que poderia alcançar os 25 metros de comprimento — o maior réptil marinho já encontrado –, e que representa uma nova espécie, segundo estudos.

Em 2020, Ruby Reynolds e seu pai, Justin Reynolds, encontraram fragmentos da mandíbula do animal em Blue Anchor, na Inglaterra. De imediato, a dupla — que já tinha o costume praticar expedições — chamou o paleontólogo Dean Lomax, da Universidade de Bristol, e o pesquisador Paul de la Salle, para estudar o achado.

 

 

Com um dos fósseis que chegava a medir até oito centímetros de comprimento, os especialistas confirmaram que o fóssil se tratava da mandíbula do ictiossauro, um réptil marinho pré-histórico que se assemelha a um golfinho moderno — só que muito maior.


Mas as pesquisas deste quarteto não pararam por aí. Juntos, eles retornaram ao redor do rio Severn, em Blue Anchor, e continuaram a coletar fragmentos até 2022. Após muito esforço, a equipe conseguiu juntar as peças da mandíbula inferior — que teria pelo menos dois metros de comprimento.

Foto: Instagram @dean_r_lomax/ Reprodução

Visto o tamanho da mandíbula do ictiossauro, o quarteto sugere que este animal poderia medir até enormes 25 metros de comprimento, que o tornariam o maior réptil marinho já descoberto. E mais: os cientistas sugeram que o fóssil tenha pertencido a uma nova espécie.

Quando encontrei o pedaço de osso do ictiossauro pela primeira vez, não percebi o quão importante ele era e aonde levaria– Ruby Reynolds ao New York Times

O futuro é agora

Graças a descoberta da garota e de seu pai, a nova espécie foi descrita como Ichthyonititan severnensis — que significa “o peixe lagarto gigante do Severn” –, em estudo publicado no periódico PLOS One. Fazendo justiça aos envolvidos, Justin e Ruby — agora com 15 anos — foram coautores do artigo.

Foto: Instagram @dean_r_lomax/ Reprodução

Devido ao tamanho do fóssil de ictiossauro, a teoria de Lomax e de la Salle se confirmaram: realmente era uma nova espécie, da qual existem apenas mais de 100 conhecidas. O animal provavelmente estava crescendo quando morreu, de acordo com sua análise óssea.

 

O tamanho do animal seria comparável a de uma baleia-azul — só que maior. Segundo os cientistas, o ictiossauro teria vivido pouco antes da extinção em massa responsável pelo fim do Período Triássico — que aconteceu entre 252 milhões e 201 milhões de anos atrás.

Foto: Fragmento incompleto dos fósseis do Ichthyotitan severnensis. PLOS One/ Reprodução

Assim, a descoberta de uma criança pode ajudar os cientistas a descobrirem novas informações sobre como a vida marinha funcionava há mais de 200 milhões de anos atrás — principalmente por se tratar de um predador de longa data.

A história se repete

Dessa vez o destino preparou uma coincidência interessante. Em 1811, a paleontóloga Mary Anning, com apenas 12 anos, descobriu o primeiro fóssil de ictiossauro e, pela primeira vez, a enorme espécie caiu no conhecimento dos cientistas. Agora, 209 anos depois, o ciclo se repete, de novo com o ictiossauro.

Provavelmente não há muitos jovens de 15 anos que possam dizer isso! Uma Mary Anning em formação, talvez. Mas, quer Ruby siga ou não o caminho da paleontologia ou da ciência, o importante é que ela, Justin e Paul, contribuíram imensamente para a paleontologia e para a nossa compreensão do mundo antigo– Dean Lomax à CNN

Para completar, a descoberta de Anning também ocorreu numa praia do sudoeste da Inglaterra, assim como Blue Anchor. Inclusive, Ruby encontrou os ossos de ictiossauro a menos de 80 quilômetros de onde a antiga paleontóloga havia achado, segundo o The New York Times.

Foto: Instagram @dean_r_lomax/ Reprodução

Por fim, a descoberta da dupla pai-filha estava a dez quilômetros de distância da casa de la Salle — ou seja, estava mais perto do pesquisador do que de Justin e Ruby. Para quem tiver muita curiosidade, os fósseis estão expostos no Museu e Galeria de Arte de Bristol, na Inglaterra.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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