Arquipélago de São Pedro e São Paulo, pedaço do Brasil mais próximo da África, ganha nova estação de pesquisa

Construção substituirá a atual e garantirá a continuidade dos interesses nacionais na região rica em biodiversidade e história

16/05/2024
Foto: Flickr/ Marinha do Brasil/ Reprodução

Localizado no meio do oceano Atlântico, a cerca de mil quilômetros do litoral do Rio Grande do Norte, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo receberá uma nova estação de pesquisa. A região representa o ponto do Brasil mais próximo da África, sendo que apenas 1.820 quilômetros o separam de Guiné Bissau.

Atualmente, a Estação Científica que opera na região apresenta acentuado desgaste. A parceria, decorrente de um acordo firmado entre a Marinha do Brasil e outras cinco instituições, permitirá a construção de um espaço mais moderno, já que o arquipélago é objeto de estudo de cientistas de diversos campos, como geologia, biologia, oceanografia e sismologia.

Foto: Flickr/ Marinha do Brasil/ Reprodução

Graças a sua posição estratégica, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo permite que o Brasil incorpore à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) uma área marítima de 450 mil km² — maior que o estado de Goiás.

 

Mas além de ser importante para o país a nível científico, econômico e soberano, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo oculta, por trás de seu conjunto de ilhas, uma riquíssima biodiversidade — alvo das atenções de Charles Darwin, no passado — e uma série de curiosidades que o tornam único.

Por dentro do Arquipélago de São Pedro e São Paulo

A região cercada por água do mar possui cerca de 17 mil m² de área e é frequentemente abalada por pequenos terremotos, registrados praticamente todas as semanas. Isso acontece porque o arquipélago fica sobre a chamada Falha Transformante de São Paulo — uma das maiores do planeta.

 

A falha separa as placas tectônicas africana e sul-americana, e foi responsável por abalos que chegaram à magnitude de 6 pontos na escala Richter em 2006. Naquele ano, os tremores, somados à ressaca do mar, deram origem a ondas de 5 metros de altura, que fizeram os pesquisadores ali presentes se refugiarem no farol construído pela Marinha.

Foto: Flickr/ Marinha do Brasil/ Reprodução

Por conta das baixas altitudes do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, o entorno é perigoso para navegação justamente por ser difícil enxergar as ilhas a olho nu.

 

Inclusive, o nome do local deriva do primeiro naufrágio que aconteceu ali, em 1511, época em que os portugueses tomaram conhecimento da região. Conforme a crença, a nau que afundou se chamava São Pedro, sendo os sobreviventes resgatados por outra nomeada São Paulo.

Presenças ilustres

O que poucos imaginam é que o Arquipélago de São Pedro e São Paulo já recebeu importantes visitas, como a do ambientalista inglês Charles Darwin, conhecido mundialmente pela teoria da evolução.

Foto: Flickr/ Marinha do Brasil/ Reprodução

A passagem dele por lá aconteceu em fevereiro de 1832, durante a expedição que fez ao redor do mundo, entre 1831 e 1836. A viagem aconteceu a bordo do veleiro HMS Beagle e rendeu várias observações sobre o local, integrantes do livro “A Viagem do Beagle”.

 

Quem também esteve no arquipélago foi Ernest Henry Shackleton, um dos maiores navegadores da história. A bordo do navio Quest, o irlandês visitou o local em 1921, meses antes de morrer.

Modernização do espaço

A primeira estação de pesquisa no Arquipélago de São Pedro e São Paulo foi inaugurada em 1998. Desde então, mais de dois mil cientistas puderam estudar a região.


Dez anos se passaram até que uma segunda estação substituísse a primeira, atitude necessária devido ao impacto de fortes e frequentes ondas.

 

Até que a terceira fique pronta, os cientistas continuarão usando o atual espaço, composto por um alojamento para quatro pessoas, sala de estar, laboratório, cozinha, banheiro, varanda e áreas de apoio para armazenamento de água, gerador de emergência, paiol de combustível e píer para pequenas embarcações.

 

O acordo que permitirá a construção do espaço, firmado em conjunto com a Marinha do Brasil, envolve o repasse de recursos oriundos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) à Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (FEST), encarregada da execução operacional da substituição da estação. Também fazem parte da parceria a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e a Caixa Econômica Federal.

 

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