Olimpíadas de Paris: você sabia que o surfe não será disputado na França?

Em decisão polêmica, Comite Olímpico escolheu outro país para sediar todas as baterias do esporte; entenda

16/07/2024
Ítalo Ferreira. Foto: Miriam Jeske/COB/Divulgação

Quando se fala em “Olimpíadas de Paris”, se imagina que todos os esportes do evento serão disputados no país sede, certo? Não exatamente. Com seis brasileiros, o surfe dos Jogos Olímpicos de 2024 carrega uma curiosidade inédita: será disputado nas águas da paradisíaca Teahupo’o, no Taiti!

Quem pensa que o local escolhido fica próximo a Paris, se engana. Afinal, mais de 15 mil km separam a capital francesa de Teahupo’o. Tamanha distância marca um recorde na história das Olimpíadas: é o local de disputa mais longe da sede — quase tão longe quanto São Paulo até Sidney, na Austrália.

 

 

Mesmo que a ilha faça parte da Polinésia Francesa — conjunto de cem ilhas na Oceania, pertencentes à França –, a decisão do Comitê Olímpico não foi simples e enfrentou problemas, como a instalação de uma torre para os juízes no meio do mar, alvo de manifestações contrárias.

Teahupo’o, Taiti. Foto: Google Maps/ Reprodução

Até mesmo atletas brasileiros de surfe, como Filipe Toledo e João Vitor “Chumbinho”, foram contra à obra, que colocaria em perigo mais de mil corais e 20 espécies que vivem onde a torre seria erguida. Mesmo assim, após acordos com a população e cerca R$ 27 milhões gastos, a construção foi concluída.

Um paraíso aos brasileiros do surfe

Escolhido em 2020 pelo Comitê para sediar o esporte nas Olimpíadas 2024, Teahupo’o é um dos maiores templos do surfe — ainda mais para os brasileiros. Lá, é disputada uma das etapas da Liga Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês) anualmente, além de ter uma das ondas preferidas dos atletas — apesar de ser perigosa e bem desafiadora.

Filipe Toledo, atual campeão da WSL. Foto: ISA/Sean Evans/Divulgação

Como onda calma não faz bom surfista, os atletas brasileiros costumam se dar bem nas traiçoeiras águas do Taiti. Gabriel Medina, uma das maiores esperanças de medalha do Brasil nas Olimpíadas, participou de sete etapas em Teahupo’o e pegou pódio em todas — vencendo duas vezes.

 

Por falar em brasileiros nas Olimpíadas, a seleção verde e amarela é o país com mais representantes no surfe: Gabriel Medina, Filipe Toledo “Filipinho” e João Chianca “Chumbinho” no masculino; e Tainá Hinckel, Luana Silva e Tatiana Weston-Webb no feminino.

Gabriel Medina. Foto: Miriam Jeske/COB/Divulgação
Filipe Toledo. Foto: ISA/Pablo Franco/Divulgação

Apesar de grandes nomes, o Brasil tem uma ausência de peso em Paris — ou, no caso, no Taiti! Campeão olímpico em Tóquio 2020, Ítalo Ferreira não se classificou para as Olimpíadas de 2024. Mas o medalhista de ouro tem boas recordações de Teahupo’o, de onde saiu campeão de uma etapa da WSL em maio.

Ítalo Ferreira. Foto: Jonne Roriz/COB

Porém, o time masculino e feminino estão fortes na briga por medalha para o Brasil. Entre os homens, Gabriel Medina é tricampeão mundial, Filipe Toledo é o atual vencedor da liga mundial e “Chumbinho” uma grande promessa, com apenas 22 anos e circuito vencido contra o número 1 do ranking, o australiano Jack Robinson.

Foto: Miriam Jeske/COB/Divulgação

Por outro lado, as mulheres também vêm fortes na luta pelo pódio. Na última etapa da WSL disputada em Teahupo’o, Tatiana — embora não tenha chegado à decisão — foi a única surfista a atingir a perfeita nota 10 e, junto com Luana Silva, está entre as dez melhores do mundo no ranking mundial.

Tatiana Weston-Webb. Fotos: William Lucas/COB/Divulgação
Luana Silva. Foto: ISA/ Pablo Franco/ Divulgação

O amor está no mar

Já pensou em poder disputar uma Olimpíada junto com o seu amor? Esse sonho, para alguns, será realidade daqui uns dias para os pombinhos Luana Silva e João Chianca, casal de surfistas que brigarão, em suas respectivas categorias, pela sonhada medalha de ouro.

 

 

Vai ser um ano bom pra gente. A gente se ama e se suporta de qualquer jeito. Ele me ajuda muito em tudo, me puxa bastante, eu admiro muito ele– Luana Silva ao GE, em janeiro de 2024

Ambos já surfaram juntos na WSL, mas realizarão o sonho de muitos casais ao viajarem para a ilha do Taiti — só que a trabalho. Inclusive, Luana foi a última atleta brasileira a conseguir a classificação para os Jogos, já que conquistou a vaga com uma combinação de resultados que envolvia Tainá e Tati.

Como funciona o regulamento do surfe nas Olimpíadas?

Com quatro vagas a mais do que na última Olimpíada — que marcou a estreia do esporte –, as ondas perigosas do Taiti receberão 48 atletas. Diferentemente de canoagem e natação, o surfe não tem modalidades, sendo dividido apenas em masculino e feminino.

Filipe Toledo. Foto: ISA / Jersson Barboza/Divulgação

Forte chance de medalhas para os brasileiros, o esporte permite que cada atleta surfe duas vezes. A competição é segmentada em baterias com três surfistas, em que os competidores buscam somar as duas melhores notas entre suas ondas surfadas.

Os vencedores do Round 1 avançam para o Round 3 e os surfistas que ficaram nas 2ª e 3ª colocações vão para o Round 2, de eliminação. Daí em diante, as baterias são eliminatórias e apenas os vencedores seguem até a grande final.

Baterias do surfe definidas

Em maio, a Internacional Surfing Association (ISA) divulgou as baterias da segunda edição do surfe nos Jogos Olímpicos. Enquanto Medina é favorito em seu confronto, Filipinho vai encarar o algoz do próprio Medina, Kanoa Igarashi — que eliminou o tricampeão mundial em Tóquio.

Gabriel Medina. Foto: Jonne Roriz/COB/Divulgação

As mulheres também serão desafiadas em seus embates. Weston-Webb vai enfrentar as duas melhores do mundo no ranking da WSL, enquanto Luana Silva e Tainá Hinckel caíram na mesma bateria, sendo que uma delas terá que enfrentar a perigosa rodada 2. Confira como ficou!

Masculino

  • Bateria 3: Alonso Correa (PER), Filipe Toledo (BRA) e Kanoa Igarashi (JAP);
  • Bateria 4: Gabriel Medina (BRA), Connor O’Leary (JAP) e Bryan Perez (ELS);
  • Bateria 5: Ramzi Boukhiam (MAR), Billy Stairmand (NZL) e João Chianca (BRA).

Feminino

  • Bateria 4: Tatiana Weston-Webb (BRA), Molly Picklun (AUS) e Caitlin Simmers (EUA);
  • Bateria 6: Tainá Hinckel (BRA), Camila Kemp (ALE) e Luana Silva (BRA).
Tainá Hinckel. Foto: ISA/ Pablo Franco/ Divulgação

Para não perder nada, anote na agenda: de 27 de julho a 5 de agosto, acontecerá as disputas do surfe nas Olimpíadas de Paris — só que no Taiti.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Não eram piratas: dois naufrágios na Costa Rica são identificados como navios negreiros

    Navios afundaram em 1710 e, por séculos, foram considerados embarcações piratas. Entenda o caso!

    Cartão postal "profético" escrito no Titanic é vendido por mais de R$ 2 milhões

    Mensagem enviada para um parente de Londres revela postura ressabiada de sobrevivente do naufrágio

    Rio Boat Show abre o calendário de salões com 30 mil visitantes e mais de 300 barcos vendidos

    Evento que aconteceu de 26 de abril a 4 de maio reuniu mais de 100 embarcações e registrou resultado acima do esperado

    Ross Mariner anuncia nova fábrica em SC e lançamentos para 2025

    Filial em Palhoça ficará responsável pela produção da nova SR220 Icon. Nova center console chega em julho

    "Endurance 64: o veleiro polar" chega ao 3º episódio com susto grave e surpresas no mar

    Tripulação conclui 1ª pernada da viagem com imprevistos, aprendizados e parada no RS. Assista no Canal NÁUTICA