Destroços do último navio de Ernest Shackleton são encontrados no Canadá

Quest, explorador polar de uma das figuras mais conhecidas da navegação, está no mar de Labrador, a cerca de 390 m de profundidade

18/06/2024
Foto: Royal Canadian Geographical Society/Divulgação

Ernest Shackleton é uma conhecida lenda das viagens polares. O Quest, último navio que o capitão comandou — e também onde ele morreu — foi encontrado 62 anos após o naufrágio, colocando, enfim, um ponto final na história que carrega fãs pelo mundo todo.

Em um dos maiores feitos de Shackleton, ele salvou a si e a outros 27 companheiros após o Endurence — embarcação que liderava — afundar nas águas do continente gelado. Após a perda, seu novo barco foi justamente o localizado agora sob as águas geladas do Canadá.

 

Antes de mergulhar nessa história, contudo, vale voltar no tempo para entender melhor as dimensões que a descoberta traz, principalmente, para os aficionados por navegação.

Ernest Shackleton, à direita, em visita ao Parlamento do Reino Unido, em 1909. Foto: UK Parliament / Flickr / Reprodução

Ernest Henry Shackleton (1874-1922) foi um explorador anglo-irlandês, conhecido por suas expedições antárticas no início do século 20. Nascido em Kilkea, na Irlanda, Shackleton se mudou para Londres, na Inglaterra, quando ainda era jovem. Aos 16 anos, entrou para a Marinha Mercante e, desde então, começou a escrever o seu legado no mar.

Ernest Shackleton, em 1915, fotografado por Frank Hurley. Foto: Domínio Público

Sua primeira expedição à Antártica aconteceu entre 1901 e 1903, e foi liderada por Robert Falcon Scott. Quatro anos depois, de 1907 a 1908, liderou a expedição Nimrod, em que ele e sua equipe chegaram a menos de 100 milhas do Polo Sul — um recorde na época. Ainda durante a Nimrod, ele e seus companheiros alcançaram o cume do Monte Erebus e descobriram o Platô Polar.

Foto: Manchester City Council / Flickr / Reprodução

Mas foi de 1914 a 1917 que Ernest Shackleton protagonizou seu maior feito na navegação. A bordo do famoso navio Endurance, ele e sua equipe buscavam atravessar a Antártica através do Polo Sul. A embarcação, contudo, ficou presa no gelo, foi esmagada e, posteriormente, afundou. Começava, aí, uma luta épica pela sobrevivência.

Foto: Manchester City Council / Flickr / Reprodução

Shackleton e sua tripulação passaram meses em condições extremas, acampando no gelo. O navegador e cinco homens da tripulação resolveram, então, navegar em botes por 1.300 quilômetros até a Geórgia do Sul. Lá, após uma viagem de 17 dias, conseguiram organizar um resgate para o resto da equipe.

Foto: Underwood & Underwood / Picryl / Reprodução

Após o grande feito, Shackleton tentou outra expedição antártica, a Shackleton-Rowett (1921-1922), a bordo, justamente, do Quest. Durante o percurso, contudo, o explorador morreu, vítima de um ataque cardíaco na Geórgia do Sul, em 1922.

O — verdadeiro — capítulo final

A descoberta da localização do Quest, última embarcação que Shackleton liderou, ao mesmo tempo que escreve um novo capítulo em sua reconhecida história, coloca, enfim, um ponto final em sua passagem pelos mares.

Foto: Royal Canadian Geographical Society/Divulgação

A embarcação foi encontrada no fundo do oceano Atlântico, na costa do Canadá. Mais precisamente, no mar de Labrador, a cerca de 390 metros de profundidade. Descrito por David Mearns (um caçador de navios afundados) como “majoritariamente intacto”, o navio foi encontrado graças a um equipamento de sonar.

Os destroços são consistentes com os dados conhecidos do naufrágio, e está no local correto, onde não há mais ruínas de sua espécie. Isso nos dá confiança para dizer que se trata do Quest– explicou David Mearns

O navio, que seguiu em serviço por várias décadas depois da morte Shackleton, até afundar em 1962, deve agora receber outras expedições ainda em 2024, para que profissionais possam fotografar e documentar o naufrágio.

 

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